A morte nossa de cada dia

Na 1ª vez que Gabriele foi à janela
Dois carros bateram bem em frente à sua casa.
Ninguém se machucara, mas
Os motoristas saltaram dos carros,
Um sacou uma arma,
Apontou contra a cabeça do outro
E disparou.

Na 2ª vez que Gabriele foi à janela
Dois homens conversavam na entrada do beco próximo.
Um, em pé, segurava pelos cabelos
O outro, ajoelhado à sua frente.
O 1º sacou uma arma,
Apontou contra a cabeça do outro
E disparou.

Hoje Gabriele tem medo de ir à janela.
Mas nem precisa.
Toda noite assiste em sonhos novamente
Aos dois assassinatos. E, quando acorda,
Pra não ficar pensando nessas coisas,
Vai assistir televisão.

Nenhum comentário: