Iria se chamar
“À amiga que não se matou”,
Varando a noite negra, ou branca,
Insone como num sonho,
Medindo forças até de manhã
Com um reles frasco de comprimidos
Impassível, impávido sobre a cômoda,
Fonte da noite,
Fim das dúvidas.
Então o dia clareou,
Ela e seus fantasmas foram dormir
Um sono exausto e branco, ou negro.
Ou seria a premonição
Do vidro do ônibus estilhaçado,
O caco varando o olho direito,
Sonho como numa vigília,
Calafrio no dia quente,
Segundos antes da freada brusca,
Da barra do pedágio baixada inadvertidamente,
Do choque contra o parabrisa,
Que rachou na cara do motorista
Mas não, não quebrou.
Sobra um verso,
Altivo e solitário como um primogênito;
Desígnio.
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